sábado, 30 de outubro de 2010

Meu negócio é reticência...

O meu sentido é outro.
Não quero ser verbo dito,
Não quero fazer sentido.
O meu sentido pode ser tanto olfato, quanto tato.
E quanto tato.
Não é questão de teoria da prática
É de quem toca pra quem toca
Não quero encadernar
São só idéias que eu não quero ver com organização lógica raciniana.
Quero poder colar, uma por cima da outra
Sem ter que dizer a ninguém o espaçamento que há entre elas.
Elas são tão minhas, humanas, tortas e orgânicas quanto eu mesma
Que já sou lógica, fazendo sentido e raciniana o suficiente 
Pra não querer ser mais um pouco nas idéias. 
Gosto dos cheiros, dos livros velhos puídos, dos delírios febris com Peter Pan
Das roupas largas macias, dos biscoitos quebrados, das flores despetaladas.
O meu negócio nunca foi ser explicada, didática, entendida
Sempre fui da turma dos sentidos, de quem cheira, de quem pega, de quem sabe.
Sou da ala dos que sentem...
Sem ponto final

domingo, 24 de outubro de 2010

O (Des)assossego




Eu sou do desacerto, do desassossego.
Sossegada, aquieto o facho
E aquietada nada me esquenta.
A minha inquietude que é que me é rica
Que me dá conflito, que diz dói e que dá poesia.
Eu, quietinha, não faço nada
Sou feito lagarta encasulada
Não sirvo nem pra borboleta, nem pra lagarta
E quem quiser me assossegar que não se esqueça:
Nasci pra viver perturbada.
Que eu calada, quieta, curvada, não sirvo pra nada.
Sou passarinho de asa quebrada,
Sem vôo, morro.
Sou moça (doente).

Elisa, primitiva poesia.




Uma saudade das mulheres gordas na prateleira. 
Da cortina bege comprida, do monte de bibelôs e bonequinhos que eu, na minha ânsia de criança, queria tanto mexer. 
Saudade da lua que menstrua. 
Do recital-castelinho-mal-assombrado aos 6 anos
Saudade da capa descascada do meu livro de Elisa,
dos olhos verdes, da voz rouca e linda que me disse pela primeira vez como é que é que é que é a poesia - que eu não compreendia. 
E pra quem disser que a minha voz é rouca, digo:
"Minha voz é rouca, firme e preta, feito minha poesia: cheia de Elisa."
Ai que saudade desse cheiro. 
Meio limão, meio ervas de banho, meio perfume francês.
Minha cabeça batia na altura da mesinha
Ai que saudade da primitiva poesia.

Elisa Lucinda: minha poetisa constituinte.

Só de Sacanagem - Elisa Lucinda




sábado, 23 de outubro de 2010

Beta, Beta, Bethânia de Caio Fernando Abreu.


Os muitos darks que me perdoem, mas Maria Bethânia é fundamental. Sei, vocês vão dizer que ela é brega, careta, exagerada, melodramática. Pode ser. Mas essa coisa chamada vida onde estamos metidos até o pescoço, às vezes não é brega, careta, melodramática? A Vida é mais Nelson Rodrigues ou mais Clarice Lispector? Mais Augusto dos Anjos ou Emily Dickinson? Fassbinder ou Jacques Demy? Philip Glass ou Dead Kennedys? Mais Sex Pistols ou mais Cecília Meireles? Bukowski ou Bergman?

Tudo isso, sim, e muito mais. O engarrafamento às seis da tarde de uma sexta-feira de chuva, na marginal do Tietê, pode ser uma emoção-Titãs (tipo Bichos Escrotos). Transar com a garota prostituta da rua Augusta, de minissaia de couro e correntinha no tornozelo pode ser uma emoção-Dalton Trevisan. Dar um espirro bem na hora de dizer eu-te-amo pode ser uma emoção-Woody Allen. Assim por diante, cada coisa sendo uma coisa diferente. Porque o que vai sendo vivido e sentido por cada um é tão particular que, mesmo lugar comum ou já cantado em prosa e verso, é para sempre também único. Infinitiva e indivisivelmente subjetivo.

Nossa, como estou me dispersando. O que quero dizer é muito simples – adoro Maria Bethânia. Por um tempo, aposentei Eurythmics, The Cure, Talking Heads, Legião Urbana, Sting, Paul Simon – só consigo Bethânia.

Ando tomado por emoções-Bethânia. Essas, que estão morrendo à míngua, poque não é moderno ter emoções. Não é in sentir amor, envolver-se. Ficou out dizer coisas como “quero ficar com você/ e é tão fundo que eu posso dizer/ que o fim do mundo não vai chegar mais” ou “parece bolero/ te quero, te quero/ dizer que não quero/ teus beijos nunca mais” ou “quando os caminhos se separam/ não tem razão que dê mais jeito” ou “é tão difícil ficar sem você/ o teu amor é gostoso demais”. É burro cantar coisas que eu, tu, ele, nós sentimos? É brega ter desejos e carências e dores e suspiros assim, de gente?

Sentir não é brega. Ao contrário: não existe nada mais chique. Emocione-se e seja o rei de sua insensatez. Seja nobre, seja divino no desconcerto das emoções. Maria Bethânia é muito chique, e quase ninguém está vendo isso. Em Dezembros, sem querer fazer nenhuma revolução, ela chega e diz: “Dá licença, rock and roll, que a titia vai cantar o amor”. E eu peço: Crianças, cessem as guitarras, os teclados, os sintetizadores – um minuto só – e prestem atenção na voz quente dessa mulher linda do jeito inverso da beleza, cantando (que ousadia!) o amor.

Sei: a Aids está solta, e o que era possibilidade de amor agora é possibilidade de morte. Nem por isso é possível parar de amar. Você consegue? Eu, não. E não tenho medo. Sem platonismos, nem zen-budismos: quero que pinte o amor-Bethânia, dançar de rosto colado, pegar na mão à meia-luz, desenhar com a ponta dos dedos cada um dos teus traços, ficar de olho molhado só de te ver, de repente e, se for preciso, também virar a mesa, dar tapa na cara, escândalo na esquina, encher a cara de gim, te expulsar de casa e te pedir pra voltar.

Darks, pós-modernos, minimalistas, gliters, apocalípticos, concretistas, skinheads, me perdoem. Na noite de sábado, caminhando sozinho pela avenida Paulista, o quarto-crescente brilhando sobre a torre da TV Globo, uma vontade desesperada de ter alguém – as únicas canções que me vieram à mente para cantar baixinho foram canções de Bethânia. Doía fundo estar perdido na grande cidade, era completamente sem remédio ser só uma pessoazinha machucada. Mas brotou então um orgulho tão grande de ser ainda capaz de sentir o coração cheio de emoções-Bethânia que era quase como uma felicidade. Sangrada, do avesso – que importa? Era real, era vivo. Isso é muito, e Bethânia canta.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Preciso escrever

Que quando tudo acontece junto a gente preciso de um buraquinho pra respirar. 


Quero que Selminha entre, quero resolver emprego, quero não precisar, quero conseguir terminar os trabalhos iniciados, quero concretizar ideias já formalizadas, quero me posicionar, quero conseguir ser curta e grossa, quero conseguir dormir, quero dar vazão à Fedra, quero ser suficiente pro que me pede que eu seja suficiente, quero dar conta. Mas antes de tudo não quero só por querer. Os meus quereres tem fundamento.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Grito no travesseiro

Se eu não saio correndo pelo mundo, se não me jogo de um penhasco e se não vou morar numa caverna é porque sou covarde. Não porque sou corajosa demais: é o contrário: SOU COVARDE! Se não deixo as pessoas, se não deixo os sistemas, se não deixo à mim mesma. Covardia.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

(des)encaixe

Nada disso cabe, nada disso serve.
Ou por não servir, serve. Não servir sempre me serve de alguma coisa.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A vertical da horizontal

Lá do outro lado, não conheço as faces da tua beleza
Um vislumbre de como seria desnudar tantas partes ainda desconhecidas
Indo em direção ao que chamamos de "nosso"
Zarpo diretamente ao âmago do que 'inda não conhecemos
Agora, estar diante do grande precipício

Escondo minhas cicatrizes
Sabe lá o que vais pensar
Tenho medo de espantar
Antes soubesse melhor das minhas quedas.

Amar não seria trazer aos pratos limpos toda sujeira do antes?
Que será de nós se não sabemos das dores?
Um espaço desconhecido que nos impede o enlace
Irei eu colocar aos teus pés toda sorte de ferida, preciso de cura.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Com açúcar, com afeto.

É tão doce. E antes eu dizia: "que seja doce", parafraseava Caio. O mais importante: soube reconhecer quando foi, de fato, doce. Passei tanto tempo esperando, projetando sonhos e expectativas sobre diversas pessoas. E, no fundo, nenhuma delas nem nada que eu vivia correspondia ao que eu ansiava por encontrar. O problema era esperar, exigir, rotular, julgar, esteriotipar. Tantas idas e vindas, tanto sofrimento. O único fim sempre foi achar o que me tocasse, no fundo mesmo. Sem os joguinhos da conquista, sem as mentiras para agradar, sem a mania da perfeição, sem criar uma pessoa na minha cabeça. Eis que surge a minha oportunidade de sacudir tudo isso, inverter meus valores, parar de me machucar por decepção e de machucar os outros por deixá-los com sensação de impotência. O problema era só meu. Pessoas muito boas, outras nem tanto. Nunca quis ferí-las. Amei poucas delas. Mas tentei e disso eu sei. Quando deixei de lado a minha mania de "formular" a minha pessoa perfeita, quase que tropecei na minha chance de me libertar das redes que eu mesma me embrenhei. Em que momento eu teria coragem de me enfrentar? Enfrentar: me encarar. Era um agora-ou-nunca. E antes que eu pudesse me defender de mim mesma, saltei num precipício totalmente desconhecido. Pode ser a queda mais dolorosa da minha vida. Pode ser que eu bata e me quebre inteira, e me desfaça, e queira nunca mais levantar. Mas tem sido tão bom, estou dentro do precipício curtindo a textura, o ar, a espessura, a amplidão, o clima dele. Me sinto como quem deita na grama e admira o céu estrelado pela primeira vez. Vi uma estrela cadente e ao invés de fazer um pedido, resolvi realizá-lo. Nada melhor do que em vez de pensar-querer-dizer passar a fazer. Gosto de me afundar cada vez mais e de sentir o real gosto do que é meu. Descobrir que o "ser doce" depende mais do modo como eu olho as coisas do que do modo como as coisas se dão. O néctar escorre entre meus dedos o tempo todo. Posso escolher sentir o gosto ou engolir a seco. Prefiro sentir cada nuance, mesmo que por vezes amargue meu paladar.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Queda livre






Caí dentro dos teus olhos. Quantas vezes joguei-me nos olhos alheios para tentar adentrar, o que eu pensava ser, a imensidão das pessoas. Todas as vezes mergulhei e caí de cabeça numa piscina rasa. Me machuquei, machuquei os outros, ferimo-nos todos sem entender o porquê de tanta dor. Quando olhei nesses olhinhos de estrelas, só pude ver um mar sem horizonte. Olhos que por dentro eram redondos e infinitos. Achei que era ilusão de ótica, truque de mágico ou no máximo uma pintura, invenção. Mas me joguei. Tantas vezes me joguei nos olhos rasos, me prometi que nunca deixaria de pular com tudo, mesmo que pra cair de cabeça no fim. E agora continuo caindo, e não paro de cair e girar dentro dos teus olhos. E enquanto caio me sinto totalmente amparada por essa amplidão. Tantas coisas lindas nesse par de olhos: poesia, choro, encanto, incrível, beleza, amor. Não quero mais parar de cair dentro dos teus olhos e quanto mais caio, mais quero cair. Num fluxo de quanto mais caio, mais confio, mais me esvazio, mais vejo, mais sinto, mais conheço.
Mais amo.
À ti e à mim. Sem saber os limites pessoais. 
Não temos muros.

sábado, 28 de agosto de 2010

Entre nós e o ridículo

Eu gosto de gente "sem noção". Porque o "sem noção" me mostra que a noção não existe. E por mais óbvio que pareça, não é. Me descobri chata e cheia das noções. Mais importante: me despi rapidamente. Nua eu não tenho noções, nua só existe eu, minhas vontades, meu querer profundo. As noções são como cercas que a gente envolve os quereres. O medo do ridículo. Não existe nada mais ridículo. 


Pra sentir o gosto mais intenso das coisas, precisamos, antes de tudo, não ter medo de prová-las. 

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sendo humano

Essência
Essencial
Existencial
Existência


Estabilidade
Estabilizando
Estar
Estando


Querer
Querendo
Ser 
Sendo

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Canções do Divino Mestre

"Inexistência de medo, purificação da vida, compreensão transcendental, caridade, auto-controle, renúncia, prática de sacrifícios, austeridade, violência não, não irar-se, desapego, gentileza, veracidade, humildade, não gostar de ter defeitos, clemência, determinação, modéstia, compaixão para com todas as entidades viventes, estar livre da cobiça, cordialidade, vigor, pureza, limpeza, liberdade, não desejar ser um rato." 




As Qualidades das Pessoas de Natureza Divina em Canções do Divino Mestre - Arnaldo Antunes.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

The things that we "need" (?!)



Hoje estou simplesmente precisando escrever. Preciso falar sobre consumismo e falta de paz porque sinto que a maioria das pessoas não se toca muito bem desses dois assuntos. Sei que a maioria dos meus amigos não vai ler, mas se eu conseguir fazer com que uma pessoa leia e repense alguns pontos básicos já vou ficar feliz. :)

Pensando no consumismo e na falta de paz percebi que ambos estão absolutamente ligados, pode não parecer mas eu vou explicar porquê. 
Quando assistimos televisão (e me incluo porque, apesar de ser raro, eu ainda assisto algumas coisas) somos bombardeados por milhões de comerciais de uma série de produtos diferentes. Se fosse só a TV talvez o estrago fosse menor. Mas quando abrimos revistas ou saímos às ruas temos muitos, muitos comerciais os quais somos forçados à assimilar. Se não quiséssemos olhar, teríamos que andar de olhos fechados na rua e não daria certo. Eu, sinceramente, acho MUITO absurdo você ser obrigado, mas tudo bem. Por enquanto ainda somos. Pulemos esse pedaço. Quando vamos ao shopping (o grande templo do consumismo) e nos vemos nos inúmeros espelhos - que não existem por acaso - com uma luz que deixa qualquer roupa usada feia, vemos uma imagem talvez não muito atraente porque nossa roupa não está totalmente nova e passada e ficamos totalmente tentados à comprar outras. A luz do shopping te deixa "feio", revela todas as "imperfeições" de pele, cabelo, da roupa e etc. Eu mesma me senti totalmente assim muitas vezes, e em algumas delas eu cedi e comprei coisas. Acreditem, já gastei muito dinheiro com roupas e coisas que eu não precisava. Mas eu nunca me perguntei se eu REALMENTE precisava daquilo, ou se eu só queria, se era uma questão de ego, de querer parecer melhor pros outros e pra mim mesma. E hoje posso dizer que não tenho mais esse tipo de vício (sim, eu já fui viciada em compras). Quando eu era criança tinha milhões de brinquedos, barbies e cada vez queria mais. E eu cresci assim, educada pelos comerciais e pela TV. Os comerciais te dizem num sub-texto que seu cabelo é ruim porque não é igual ao da modelo do comercial, que suas roupas não estão na moda, que seu sapato usado não serve mais porque é da coleção passada, que a tonalidade de esmalte e batom que você usa ninguém usa mais e é old-fashion, ou sei lá como se chama isso... Enfim, tentam te convencer que nada seu é bom. Nem sua comida, nem sua esponja de louças, nem sua pele. E você assimila tudo isso e começa a "precisar" de todas essas coisas pra viver. Começa a comprar mais e mais, porém tudo isso te frustra porque você não vai ter o cabelo da modelo pelo simples fato que você é você e ela é ela, e o seu cabelo tem uma composição que é diferente do cabelo dela. Não vai ficar igual à qualquer atriz produzidíssima de TV em seus vestidos carérrimos, chiquérrimos e apertadérrimos. Não vai ter um arroz mais branquinho, uma panela perfeita, ou uma unha de barbie. Vira tudo frustração. E você está sempre querendo coisas que não pode ter: carrões, roupas de grifes internacionais, e etc. E por mais que você alcance isso tudo sempre ficará querendo mais, e terá a sensação que algo ainda falta. Simplesmente nos apegamos tanto às coisas que o tempo começa a passar, temos problemas na vida, temos felicidades. Mas estamos sempre faltando algum pedaço. O que falta é a paz que lhe foi tirada pelo consumismo que foi implantado em você quando você ainda nem sabia falar. Eu falei Mc Donald's com 2 anos. Minha mãe ficou impressionada quando eu apontei pra loja e falei certinho, ficou achando que eu já sabia ler. Mas não, eu via as cores, o Ronald e gigante M na frente da loja e associava com os comerciais da TV. Percebem a força que isso tem sobre adultos e crianças? Ficamos cada vez mais frustrados e apegados, porque nunca conseguimos ter tudo que queremos. A paz vem quando você se equilibra e percebe que suas roupas, carro, maquiagem e sapatos não são você. Se você estiver pelado, sem nenhum tipo de maquiagem ainda é você!!! Se você morrer, continuará sendo você e você é lindo exatamente como é. Sua essência não depende do batom novo da MAC, da sua bolsa Gucci nova, nem do seu carro de 100 mil reais. Sua paz banco nenhum pode compra. Sua inteligência ninguém tira. Seu humor, generosidade, amor. Até as pessoas que você ama você vai perder um dia, e mesmo que doa muito você ainda será você. Se preocupar com o mundo que estamos construindo hoje, com o que comemos, o que compramos é seguir o melhor dos mandamentos do mundo: amar uns aos outros. E uns e outros somos nós humanos, são animais e todos os seres viventes. Deixar um mundo melhor quando morremos é um dever. Se você acredita em Cristo, Alah, Maomé, Krishna ou qualquer outro Deus sabe do que eu estou falando. E mesmo se você não acredita em nada, sabe que existe ação e reação. Plante e você colherá. Precisamos pensar com nossas cabeças, saber o que queremos, do que precisamos. O que, de fato, queremos vestir ou comer. Não o que você vê na novela ou no armário da sua amiga. Somos únicos e temos aproveitado muito mal essa capacidade incrível de sermos diferentes e convivermos bem.
Hoje eu não bebo Coca-Cola, não como carne, não como no Mc Donald's, não compro nenhum tipo de roupa de marca, procuro não comprar coisas desnecessárias, me preocupo com o único planeta que tenho pra viver. E sabe, eu nem morri...

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Você é o seu templo.


"Quando eu digo que a vida é divina, quero dizer isso — não fique confinado em templos e não fique confinado em igrejas e não fique confinado pelas Bíblias e pelos Gitas e pelos Alcorões.

Não fique confinado de modo algum. A vida é infinita. Enfrente a vida como ela é. 
Encare o infinito. Não fique com medo do infinito.

Onde está o medo do infinito? O medo é que com o infinito você vai desaparecer. Em uma igreja você não pode desaparecer. Você 
pode administrar. Uma igreja é sua construção.

É arbitrária. É artificial. É uma flor de plástico. Você pode controlá-la, manipulá-la. 
Por trás das cortinas estão suas mãos. O deus na igreja é criação sua.

A divindade real é totalmente diferente. Se você vier à 
divindade real — a vida — então você será uma criação dela. Então ela estará por trás de tudo."


Osho, em "Nirvana: The Last Nightmare"



Texto por: Palavras de Osho

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Kali Yuga


"Kali Yuga é a era de ferro, os dias em que vivemos. Kali Yuga dura 432.000 mil anos — desses já se passaram 5 000. As quatro características de Kali Yuga são a intoxicação, a prostituição, a matança de animais, a destruição da natureza e a jogatina.

Essa é a era em que a gratificação dos sentidos é a meta da existência e acredita-se somente no que se vê — não existe misericórdia, e Deus se tornou apenas um mito."


Wikipedia



Coincidência?




Encontro


"Eu quero ter uma experiência duradoura de Deus. Algumas vezes eu sinto que entendo a divindade de Deus, mas depois deixo de entender porque me distraio com meus desejos e medos mesquinhos. Quero estar com Deus o tempo todo."


Comer, Rezar, Amar - E. Gilbert




Estou lendo este livro e quando li essa parte simplesmente parei e não consegui mais sair dela. Porque me sinto muito, muito assim. Muitas vezes eu quero muito praticar ensinamentos de pessoas sábias que eu nem conheci mas em quem eu confio, e simplesmente não consigo. Não quero, de verdade, pôr a culpa nos outros de um problema que é meu comigo mesma. Mas o mundo e as verdades dentro dos quais eu fui criada fogem completamente dos ensinamentos que eu venho estudando. A minha dificuldade em controlar meus pensamentos e meu ego é verdadeiramente grande. E eu tenho muita vontade de superar tudo isso. Mas muitas vezes não sei como, nem por onde começar. Ficou tudo tão enraizado que muitas vezes é mais fácil mentir pra não me aborrecer ou rir de uma coisa que não é engraçada. Porque eu não sei de onde isso vem, e por isso não consigo controlá-la. Assim como a E. Gilbert, eu também busco muito estar o tempo todo com Deus, mas me esqueço muitas vezes que para isso preciso trilhar um caminho diferente da maioria das pessoas desse mundo, que se disfarçam atrás de religião e que na prática não a respeitam. Não quero estar teoricamente em algum tipo de crença, quero poder viver todo tipo de experiência com Deus que um ser pode possuir em sua forma humana. Quero aproveitar o máximo para me aproximar de quem, com muito amor me criou, e acima de tudo, quero descobrir quem eu sou dentro desse monte de adjetivos que nós e os outros despejam sobre nós. Quero encontrar o miolo da cebola, por mais difícil que isso seja. E mesmo querendo tanta coisa ao mesmo tempo, não sei por onde começar.




A foto foi da viagem à Friburgo. 

quinta-feira, 29 de julho de 2010

What do you need?


  Estava eu navegando pelos meus blogs favoritos, ouvindo mantras e vendo vídeos. Me deparei com Terráqueos (Earthlings) no YouTube. Já havia ouvido falar; muitas vezes inclusive. Mas nunca tinha tido coragem de ver, eu sabia que mexeria muito comigo ver até onde alguns seres humanos chegam por dinheiro. Quando decidi por deixar de comer carnes foi por pura consciência e amor. Não foi por choque, nem por pena. Foi por amor, saúde (minha e dos animais) e paz de espírito. Sempre evitei ver esse tipo de vídeo mas enquanto escrevo estou vendo o filme. Mas confesso que após ver alguns trechos estou abalada e magoada com muitas cenas. Não quero que ninguém seja vegetariano, não quero me tornar aquelas pessoas chatas que querem convencer os outros, eu mudei meus hábitos e não quero forçar ninguém. Só tem uma coisa que me dói: a falta de compaixão, de amor. Eu simplesmente não compreendo como existem pessoas que fazem tantas coisas tão cruéis por dinheiro. Não queria me abalar mas não pretendo me endurecer, nem me acostumar. Comecei a me perguntar muitas coisas....
Precisamos mesmo de tantas coisas para viver? Precisamos de bolsas de couros, bancos de couro em nossos carros, sapatos de couro? Precisamos de cremes e shampoos testados em animais, precisamos de um batom de 300 reais e de um cão de 3000 reais? Precisamos dos nuggets, bifes e corações de frango nas nossas refeições? Nós queremos e, pior, supostamente "precisamos" de tantas coisas que esquecemos do que é realmente necessário. Precisamos de pessoas mais companheiras, de menos desrespeito, de mais amor, de mais disposição, de mais perdão. Precisamos de mais roupas que não foram feitas por crianças escravas, precisamos de mais produtos naturais que não danifiquem o único planeta que temos, precisamos de mais bolsas e sapatos de eco-couro. Mas isso nós já temos. Existem "heróis da indústria" que mesmo com todas as dificuldades conseguem produzir de forma humana. O que nós precisamos (e que quase não temos) é pessoas com consciência. Consciência antes de comprar um batom, um shampoo, uma roupa, uma bolsa, ou um cão. Sim, pessoas ainda compram cães. Mesmo com milhões de cães abandonados, dóceis e companheiros ainda existem pessoas que pagam por cães. Consciência antes de "precisar" de tantas coisas. E isso tudo vem de um fator: não sabemos quem somos. 
  Em nossas cabeças somos alunos, professores, pais, filhos, advogados, poetas, atores, secretários, motoristas, escritores e etc. Mas quando não há profissão, parentesco, vocação, posição social, opinião alheia, o que sobra de nós? O que nós somos se "descascamos essa cebola"? Talvez você precise de um bom carro porque gosta de conforto e porque é equivalente com a sua posição social tê-lo. Ou talvez precise de um relógio de marca porque mulheres gostam de homem vaidosos. Mas tirando o emprego, os romances, as cobranças paternas, nossos "talentos". Do que nós verdadeiramente precisamos? Não sabemos. Porque nos perdemos nesse monte de "cascas" (filho, aluno, estudante de direito e etc.) e simplesmente nunca nos perguntamos o que estamos fazendo aqui. Não sabemos quem somos, nem do que precisamos, nem pra onde estamos indo. E me incluo porque eu ainda não sei, estou, aos poucos, tentando descobrir. Além da "Morena, com 1,75 m e 52 kg" existe algum tipo de essência que vive e que eu não conheço. Ela existe, mas eu não a conheço. Mas sabe o que é maravilhoso? Eu descobri que não sei. E ao saber que não sei eu busco saber. Ao me conhecer percebo que preciso de cada vez menos batons, bolsas e shampoos pra ser feliz. Porque eu já estou começando a ficar ciente de que não sou "a cebola, cheia de cascas" mas que sou uma essência forte, incrível e capaz de coisas inesperadas. Nunca me imaginei vegetariana porque sempre me imaginei preguiçosa. Mas quando eu soube que não precisava mais do hamburguer pra dar um sorriso, as coisas mudaram de uma semana pra outra. 
  Vale pensar.



Esta foto é de um cão que eu conheci na viagem para Friburgo em Junho. É um cão especial.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Now is a gift.


"Life is available only in the present moment. This is a simple teaching of the Buddha, but very deep. If someone asked you, Has the best moment of your life arrived yet? Many of you would probably say that the best moment of your life has not yet come. We all have a tendency to believe that the best moment of our lives has not yet come, but that it will come very soon. But if we continue to live in the same way, waiting for the best moment to arrive, then the best moment will never arrive. You can open your eyes, you can see the sunshine, the wonderful vegetation, your friends and relatives around you. This is the best moment of your life."

-Thich Nhat Hanh


A foto foi de uma viagem para Friburgo em que passei em Lumiar. Isso foi numa ruazinha de Lumiar, lá estive na infância muitas vezes. Ô, cidadezinha linda!

Créditos do texto: Tudo de Om

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Resposta às críticas.


        "Prática empreende esforço." 


     Yoga Sutras

Créditos da imagem: Tudo de Om



segunda-feira, 24 de maio de 2010

O revés da humanidade


"As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes."

Pequeno Príncipe - Antoine Saint-Exupéry




segunda-feira, 10 de maio de 2010

O Tudo corre pro Nada.

O Tudo não é Tudo sem o Nada. 
O Nada, por sua vez, só é nada porque o Tudo existe. 
Se o Tudo não existisse, o Nada seria Tudo. 
E o Tudo, Nada seria. 

E vice-versa.

Cérebro, pra que te quero?

Fico impressionada com a imbecilidade em gente jovem, como existem pessoas de 20, 21 anos com uma cabeça tão oca e tão dura, como se tivessem 90 anos e uma baita vida dura, que não tiveram tempo de se flexibilizar o suficiente pra tornar-se seres humanos pensantes. Gente que tem tudo, inclusive oportunidade de não ser tão idiota, e o pior: é. Escolhe ser a cada momento, a cada oportunidade de não ser, escolhe chafurdar ainda mais na lama da mediocridade, e gosta. E acha que quem não o faz é que é anormal. Antes, pessoas assim me afetavam muito, hoje olho, fico perplexa e começo a enxergar através delas, como se depois de algum ato ao se declararem idiotas eu parasse de sentir a existência delas: nem rancor, nem raiva, nem incômodo. Não sinto nada. Sou insensível à idiotice quando ela se concretiza na minha frente. A imbecilidade não me trava, não me freia como antes, nem me faz desistir.
Ainda bem. 


"A mais tola das virtudes é a idade. Que significa ter quinze, dezessete, dezoito ou vinte anos? Há pulhas, há imbecis, há santos, há gênios de todas as idades."

Nelson Rodrigues

sexta-feira, 30 de abril de 2010

(des)ajuste

"Querer embora: do mundo, dos outros, de mim. Acho que não caibo nesse corpo. Minha alma tem bilhões de metros de altura, por milhões de metros de largura."


Morena Mariah





sábado, 24 de abril de 2010

O infinito dentro.


"Às vezes olho pro céu e me sinto um pedaço dele,
não sei onde começo e onde termino. 
Sentir certas coisas me assusta,
não sei que tamanho elas podem atingir.
Meu coração tem fundo-falso."

Morena Mariah

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O bem me quer.


"Tenho dó de quem não ama
Tenho amor por inteiro
Tenho amor pro mundo inteiro."

Morena Mariah




inspirado por Drummond.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

(des)construção




"Não fazer constrói mais que fazer. 
De tanto fazer, estagnamos. 
Não dizer, diz muito. 
De tanto falar, ficamos surdos."

Morena Mariah





inspirado por Louis Caldeira.

Sabedoria da raposa


"- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. -
Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva.
Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.
Mas, a cada dia, te sentarás mais perto..."

Pequeno Príncipe - Antoine Saint-Exupéry

domingo, 18 de abril de 2010

Auto-retrato


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Tabacaria - Fernando Pessoa em "Fernando Pessoa: Poesias"


Ao som de: Amém - R.Sigma