sexta-feira, 30 de abril de 2010

(des)ajuste

"Querer embora: do mundo, dos outros, de mim. Acho que não caibo nesse corpo. Minha alma tem bilhões de metros de altura, por milhões de metros de largura."


Morena Mariah





sábado, 24 de abril de 2010

O infinito dentro.


"Às vezes olho pro céu e me sinto um pedaço dele,
não sei onde começo e onde termino. 
Sentir certas coisas me assusta,
não sei que tamanho elas podem atingir.
Meu coração tem fundo-falso."

Morena Mariah

sexta-feira, 23 de abril de 2010

O bem me quer.


"Tenho dó de quem não ama
Tenho amor por inteiro
Tenho amor pro mundo inteiro."

Morena Mariah




inspirado por Drummond.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

(des)construção




"Não fazer constrói mais que fazer. 
De tanto fazer, estagnamos. 
Não dizer, diz muito. 
De tanto falar, ficamos surdos."

Morena Mariah





inspirado por Louis Caldeira.

Sabedoria da raposa


"- É preciso ser paciente - respondeu a raposa. -
Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva.
Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal-entendidos.
Mas, a cada dia, te sentarás mais perto..."

Pequeno Príncipe - Antoine Saint-Exupéry

domingo, 18 de abril de 2010

Auto-retrato


"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Tabacaria - Fernando Pessoa em "Fernando Pessoa: Poesias"


Ao som de: Amém - R.Sigma

terça-feira, 6 de abril de 2010

All you need is LOVE.


Não sei se vai sair algo de bom do que eu tô pensando hoje... Não quero ser muito explícita pra não expor ninguém, mas preciso muito ser clara, principalmente comigo mesma. Em primeiro lugar quero deixar um aspecto importante sobre esse blog bem límpido. O objetivo quando eu criei era ter uma forma mais profunda de me comunicar com pessoas que eu gosto. Porém com esse tempinho que o blog tá ativo percebi que tenho muitos outros objetivos por trás disso. Além de uma auto-avaliação, a perda do medo da exposição (que era uma coisa forte em mim), a busca de uma desconstrução de paradigmas na frente de possíveis leitores - que eu já sei que se identificam com as besteiras que eu escrevo sobre o que passa dentro dessa cabecinha oca -, tem o uma característica verdadeiramente interessante: a de journal (diário) aberto. Não é bem um diário, porque eu não fico contando fatos, nem escrevo com muita frequência; mas os meus diários sempre foram assim: espaçados e abstratos. Sempre falaram sobre pensamentos, sentimentos, sofrimentos, conquistas... Nada tipo: "Hoje comi macarrão, encontrei fulano na rua e tô indo dormir.". Tem certas coisas que eu não posso dizer aqui que digo pra mim mesma no meu journal de verdade, de papel. E essas coisas são muito sinceras, tem nomes, datas e certos detalhes de sentimentos que eu não ousaria expor aqui; mais por cuidado com as pessoas envolvidas do que por vergonha própria. 

Passados os pingos nos "is", posso falar sobre o que vim falar: encanto. É muito complicado mas eu vou tentar. Principalmente pra mim, que sou tão ligada nisso. Hoje tava conversando com uma amiga minha sobre pessoas na minha vida, sobre coisas novas e etc. E percebi como encantamento é importante pra que algo ou alguém me atraia. Vi também como a maioria dos homens é cega pra isso ou enxergam só na teoria. As pessoas deveriam ser encantadoras... Falta muito de conquista, sabe? E essa é a parte que eu mais gosto em tudo. Por enquanto tô falando de encantamento entre pessoas que se querem sentimentalmente e sexualmente falando (já falarei dos outros, que também me fazem falta). Tá todo mundo com a mania de ir direto ao ponto, seja esse ponto ficar, transar ou outro qualquer. Eu mesma me peguei super apressada algumas vezes; agora percebi o quão desinteressante e cansativo é isso. Eu me apaixono cada vez menos pelos detalhes das coisas e das pessoas. Ao invés de irmos descobrindo coisas deliciosas de serem descobertas com um pouco mais de calma e tempo, simplesmente colocamos os carros na frente dos bois, como diria minha mãe. Atropelamos toda a deliciosa conquista com essa pressa estranha que a maior parte das pessoas criou. Ao invés de saborear o que estamos vivendo, engolimos sem nem sentir o gosto. Gosto tanto dessa descoberta, de ir sabendo os gostos, de ir desvendando as sutilezas das pessoas. Acho tão boa a diferença que existe entre uma pessoa e outra, as particularidades... E tenho a impressão de que tá todo mundo entrando numas formas, sabe? Ouvindo música igual, se vestindo igual, saindo pros mesmos lugares, um adquirindo a personalidade do outro. Acho tão bom perceber que cada um tem uma mania, uma palavra que fala muito, um jeito de combinar roupas, uma combinação de músicas diferentes, livros favoritos diferentes. E do nada vejo que todo mundo tá ficando muito parecido. É frustrante ver que até quem parecia "alternativo" criou uma dessas forminhas... Sei que ainda existem as pessoas que permanecem na sua individualidade e dentro desse grupo tem algumas pessoas que me encantam porque enxergam beleza em coisas que a maioria não enxerga. Eu costumo dizer que poucas pessoas no mundo verdadeiramente me encantam, e não é porque eu me sinto melhor que os outros. É porque muitas coisas que muita gente não vê ainda mexem comigo. E são pessoas assim que me encantam; pessoas que vêem graça em coisas muito simples, que riem de si mesmas, que são idiotas, que cantam quando estão felizes, que não se escondem atrás de roupas, que não precisam dos outros pra viver, que gostam da vida, que se admiram com animais diferentes, que não dão ataque por tudo, pessoas simples. Tem sido cada vez mais difícil encontrar gente assim. Que brinque com bebês na rua, que ajude pessoas de idade, que sejam gentis com os outros, que sejam compreensivas, que sejam menos ignorantes, que sorriam à toa. Pelo amor de Deus, gente, vamos simplificar! Me deixa triste entrar num ônibus cheia de bolsa e ninguém oferecer uma mão, eu sempre ajudo os outros quando posso. Mais triste ainda vendo gente com necessidade de carinho, de conversa e todo mundo fechado pra qualquer aproximação. Semana passada eu tava num ônibus com duas pessoas da minha faculdade e tinha uma mulher do meu lado que devia ter uns 25 anos. Bonita, maquiada, cabelo bonito, ela ouviu nossa conversa e resolveu conversar também. Passou uns 20 minutos falando da vida dela, que era obesa, que namorava uma pessoa que não dava valor, mostrou foto pra gente de quando operou o estômago... Contou tudo que passou, como deu a volta por cima e etc. Ela só precisava de alguém pra escutar a história dela. Levantou, se despediu com um sorrisão e desceu do ônibus. É isso que falta: gente que goste de gente. Predisposição a ouvir, ajudar. Esse tipo de situação já aconteceu muito comigo. As pessoas querem ser ouvidas. E pessoas que gostam disso tudo me encantam. Só falei disso tudo pra voltar ao início porque ser simples e claro é muito mais interessante do que fazer joguinhos de "ligo-não-ligo", mentir, dizer que só fico com um se tô com dois ou mais... Sabe? Isso tudo é tão desgastante... Relacionamento é acordo, eu prefiro abrir meu jogo e dizer qual o acordo que fica bom pra mim. Se por um acaso casar com o acordo da pessoa, fechado. Temos chance de dar certo. O que não dá é pra um estar entregue e o outro fingindo que topou a parada. O que se entregou sempre vai se machucar e de uma próxima vez esse que se machucou não vai querer se entregar pra não se machucar, e isso vira um ciclo muito escroto na vida das pessoas. No meu caso, é um pouco diferente. Já me machuquei várias vezes, mas como diria Caio Fernando: "Nenhuma luta jamais haverá de me embrutecer!". Não vou repetir o erro dos outros comigo com pessoas que nada tem a ver com meus sofrimentos passados! Afinal as pessoas que eu me envolvi e me envolvo são pessoas que eu escolhi me envolver. E a maioria delas não era dessas pessoas descartáveis de micareta, costumo chamar de homem-guardanapo. Você limpa a boca, amassa e joga fora. Se eu me envolvo, é porque a pessoa não é assim. E pessoas não-descartáveis são, no mínimo, dignas de um pouco de atenção e preocupação. Não machucar os outros é uma preocupação minha. É difícil mas eu tenho procurado agir como gostaria que agissem comigo e por um acaso andaram agindo muito errado comigo. Traição, mentira, dentre muitas outras coisas que não são próprias de quem ama e cuida do sentimento de alguém. Não pretendo repetir isso com os outros. Além de falta de caráter e de amizade, é uma falta pior: a de lealdade. Peguei um significado da palavra lealdade no Aurélio: "Leal: sincero, franco, honesto. Fiel aos seus compromissos.". Seja leal com as pessoas e metade dos problemas amorosos estarão resolvidos. A outra metade é quando não forem leal com você. Mas isso não é problema seu, é problema de quem não lhe foi leal. O mais afetado pelo erro é sempre aquele que o comete, nunca tive a menor dúvida disso. 

Pessoas encantadoras estão em extinção. Pessoas leais, nem se fala...


A foto é de um filme que traduz melhor o encanto que eu tanto falei em imagens: My Blueberry Nights. Com o encantador Jude Law, com as encantadoras Norah Jones, Rachel Weisz e Natalie Portman. Com a direção encantadora de Wong Kar Wai e com a voz maravilhosamente encantadora de Cat Power na trilha sonora. A foto é da cena de beijo mais encantadora da história do cinema, na minha opinião. ;)


Grande beijo ;*

Ao som de: Norah Jones - The Story

sábado, 3 de abril de 2010

Dancing with myself.

  Tava lendo agora a pouco o blog do Ernesto que eu não lia há algum tempo e fui observando algumas questões que eu tenho estudado na faculdade e lido em livros, inclusive. Uma das que mais chamou minha atenção está no texto "Cacos". O medo que as pessoas tem da exposição das suas verdades e pensamentos é realmente muito grande. Eu não havia percebido quanto medo dos outros e da vida carregamos dentro de nós. E falo muito de mim que, obviamente, sou a pessoa que melhor conheço. Depois de experiências boas e ao mesmo tempo traumáticas, criei alguns muros em volta de certas parte da minha personalidade que eu julgava não serem muito dignas do conhecimento alheio. E daí se eu fico mal-humorada, se eu não acordo maquiada e se vou ao cinema sozinha? O que a opinião das pessoas diz sobre essas partes não encaixava com o que eu achava. Ir ao cinema sozinha é saber que eu posso me divertir sozinha, que não necessito de ninguém pra fazer o que me der vontade. Correr na praia sozinha também não faz de mim uma pessoa maníacadepressivasolitáriaorfã. Algumas das poucas pessoas que pescaram essas áreas da minha personalidade acham que o fato de eu não ligar nem um pouco pra nada disso é loucura e falta de vergonha. Eu gosto de assumir que não tô sempre arrumadinha, que nem sempre sou a pessoa mais feliz do mundo, que já menti, que já desejei o mal dos outros. E nada disso faz de mim uma pessoa assim ou assado. Esse negócio de "fulano é falso" é a coisa mais surtada que eu já ouvi. Ninguém é falso, as pessoas são incoerentes. Um dia eu posso querer beber até cair e no outro posso querer ver todo mundo encher a cara pra rir sóbria dos bêbados em volta. Coisa mais chata é viver pensando no que os outros vão pensar sobre o que você fez ou vai fazer. Julgamentos e preconceitos eu tenho, só me recuso a ser isso sem espaço pra ser mais nada. Nada mais gostoso do que poder ser o que você quiser. Essa mania de "etiquetar" as pessoas por categorias e guardar em gavetinhas é tão limitadora, tão sem sal. Tem muito mais graça quando a gente pode mostrar que tem defeito, que tem problema, que carrega tudo isso dentro de si sem explodir. Não tem nada mais incrível que poder ser uma caixa sem fundo, onde você guarda tudo que você conhece sem se limitar a nada do que entra ou sai. Só porque você foi ou é algo não quer dizer que não possa ser outra coisa. E o fato de eu não agir em função da opinião alheia não significa que eu não importe com a opinião dos outros; o que as pessoas que eu amo e me amam pensam significa sim e muito pra mim. A diferença é que acima desses pensamentos e do amor que eu tenho por essas pessoas está o meu coração e a minha consciência, esses sim me dizem aonde ir ou o que não fazer. Acho tão melhor assumir quem nós realmente somos e quem desejamos vir a ser, não quero ser uma dessas pessoas de gavetinhas. Ok se eu não fui boa o tempo inteiro (já fui bem mázinha inclusive).Ok se eu sou muito piegas de vez em quando. Ok se eu odeio dormir de conchinha e se não sou "a última romântica dos litorais desse oceano atlântico". Ok se um dia eu fico com alguém que não vou ver nunca mais e se no outro vou ficar com outra pessoa e morrer de paixões. Ok se eu sou louca e danço músicas velhas sozinha. Ok se faço coisas sem sentido. Ok se eu rio de bobagens e sou muito idiota. Ok se sexo é um problema pros outros mas não é pra mim. Eu parei de querer ser algo agradável e tragável pras pessoas. Eu gosto de vivências de verdade; as metades não me satisfazem. E tenho me aproximado cada vez mais de gente de verdade, que sente, que chora, que gargalha de tanto rir, que se joga na vida como se tivéssemos tempo cronometrado e estivéssemos na reta final - e se pararmos pra pensar realmente estamos.


Trechos de textos que eu amo:

"Tudo que parece meio bobo é sempre muito bonito, porque não tem complicação. 
Coisa simples é lindo. E existe muito pouco."

"Tenho pensado se não guardei indisfarçáveis remendos das muitas quedas. Embora sempre os tenha evitado, aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia."

“Cheio de fé. Essa mesma que me alimenta até hoje, e que me faz ser capaz — como neste momento — de ainda me emocionar ouvindo os Beatles cantarem coisas como “all you need is love, love, love..." 

"Oi-tudo-bem-e-aí-tô-ligando-pra-saber-se-você-vai-fazer-alguma-coisa-hoje-à-noite. Como se a gente tivesse obrigação de fazer alguma coisa toda noite. Só porque é sábado. Essa obsessão urbanóide de aliviar a neurose a qualquer preço nos fins de semana, pode? Tenho vontade de dizer nada, não vou fazer absolutamente nada. Só talvez, mais tarde, se estiver de saco muito cheio, tentar o suicídio com uma dose excessiva de barbitúricos, uma navalha, um bom bujão de gás ou algo assim. Se você quiser me salvar, esteja a gosto, coração."

”Tão estranho carregar uma vida inteira no corpo e ninguém suspeitar dos traumas, das quedas, dos medos, dos choros" 


 Caio Fernando Abreu 


Grande beijo ;)


Ao som de:
Beirut - The Flying Club Cup (Album)
Belle & Sebastian - Here Comes The Sun