terça-feira, 31 de agosto de 2010

Queda livre






Caí dentro dos teus olhos. Quantas vezes joguei-me nos olhos alheios para tentar adentrar, o que eu pensava ser, a imensidão das pessoas. Todas as vezes mergulhei e caí de cabeça numa piscina rasa. Me machuquei, machuquei os outros, ferimo-nos todos sem entender o porquê de tanta dor. Quando olhei nesses olhinhos de estrelas, só pude ver um mar sem horizonte. Olhos que por dentro eram redondos e infinitos. Achei que era ilusão de ótica, truque de mágico ou no máximo uma pintura, invenção. Mas me joguei. Tantas vezes me joguei nos olhos rasos, me prometi que nunca deixaria de pular com tudo, mesmo que pra cair de cabeça no fim. E agora continuo caindo, e não paro de cair e girar dentro dos teus olhos. E enquanto caio me sinto totalmente amparada por essa amplidão. Tantas coisas lindas nesse par de olhos: poesia, choro, encanto, incrível, beleza, amor. Não quero mais parar de cair dentro dos teus olhos e quanto mais caio, mais quero cair. Num fluxo de quanto mais caio, mais confio, mais me esvazio, mais vejo, mais sinto, mais conheço.
Mais amo.
À ti e à mim. Sem saber os limites pessoais. 
Não temos muros.

Um comentário:

  1. 'Não temos muros'
    Vc não acha que a ponta dos seus dedos combinam incrivelmente com meu queixo?

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