domingo, 24 de outubro de 2010

Elisa, primitiva poesia.




Uma saudade das mulheres gordas na prateleira. 
Da cortina bege comprida, do monte de bibelôs e bonequinhos que eu, na minha ânsia de criança, queria tanto mexer. 
Saudade da lua que menstrua. 
Do recital-castelinho-mal-assombrado aos 6 anos
Saudade da capa descascada do meu livro de Elisa,
dos olhos verdes, da voz rouca e linda que me disse pela primeira vez como é que é que é que é a poesia - que eu não compreendia. 
E pra quem disser que a minha voz é rouca, digo:
"Minha voz é rouca, firme e preta, feito minha poesia: cheia de Elisa."
Ai que saudade desse cheiro. 
Meio limão, meio ervas de banho, meio perfume francês.
Minha cabeça batia na altura da mesinha
Ai que saudade da primitiva poesia.

Elisa Lucinda: minha poetisa constituinte.

Só de Sacanagem - Elisa Lucinda




Um comentário: