segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A escolha sem volta.

No início, acho que tive a intenção de escrever todos os dias. Obviamente que depois de alguns dias, percebi que meu tempo não anda tão desocupado assim...
Nesses dias sem postar pensei tanta coisa útil, tanta coisa idiota, tanta coisa "postável"... Mas, como não tenho nenhum sinal vivo da existência da minha memória, acabei esquecendo tudo e quando sentei pra escrever me senti como na quarta série, ao sentar em frente à prova e ver tudo ficar branco: nada na cabeça. Minha memória sempre foi motivo de piada. Não tenho a menor noção de tempo, esqueço o pensamento no meio da frase, me pergunto onde está algo e o mesmo sempre se encontra na minha mão ou na minha cara (literalmente, como é o caso dos óculos). Enfim...
Só sei que hoje tenho muita coisa no que pensar e muito pouco sobre o que escrever. Não posso reclamar, porque ainda nem voltei pra faculdade. Quando voltar é que vou sentir o que é estar ocupada e com a cabeça cheia. Falando em faculdade, me lembrei agora de um coisa que aconteceu essa semana. Me lembrei do ditado do macaco que fala do rabo do outro sem olhar pro seu próprio. Desde que larguei o curso de Cinema, as pessoas mais inusitadas do mundo vieram me perguntar se eu não ia estudar. Pessoas que não estudaram nem estudam, que nunca pisaram numa faculdade, ou que nem tem intimidade comigo o suficiente para querer impor ao algum tipo de moral ou cobrança. Já ouvi absurdos como: "Você largou seu curso pra fazer faculdade de teatro?! Atriz não é profissão...". E colocando mais uma vez minha memória na berlinda, não me lembro nunca de ter perguntado a opinião de gente que não me conhece sobre o caminho profissional que eu desejo seguir. Acho muito doido quando uma pessoa não concorda com uma escolha de outra pessoa sobre a própria vida e não se cansa de criticar. Não me lembro também de ter ido bater na porta de ninguém dizer que o que a pessoa escolheu como profissão não servia, afinal cada um decide sobre si mesmo, não?! Outro absurdo que eu ouvi foi: "Você só quer ser atriz pra ser famosa e aparecer na televisão.". E desde quando, hoje, aqui no Brasil, as pessoas precisam fazer faculdade de Teatro pra aparecer na televisão. Qualquer pessoa imbecil que conte piada ou mostre a bunda pode aparecer na TV sem muito esforço. E me surpreende que alguém entenda que ator é ator porque gosta de ser famoso. Eu tenho a certeza de que atuar não foi exatamente uma escolha racional minha. Fugi do teatro pra fazer cinema e no primeiro período percebi que amava cinema e amava mais ainda o teatro.
Tem certas coisas na vida que a gente não sabe muito bem porque escolhe, nem como escolhe. Só sei que alguma coisa em mim me empurrou pra isso, num caminho sem volta e hoje não consigo me ver num futuro próximo trabalhando com algo que não seja teatro, cinema, etc. Me lembro de quando era pequena dizer pra minha mãe que queria ser qualquer coisa, menos atriz. Como eu me enganei nesse tempo todo... E sempre fui boa atriz, porque minha mãe acreditou até os 17 pra 18 anos que eu realmente não seria atriz. Quem diria que alguém que queria ser veterinária e cuidar de cavalos pra sempre, se embrenharia pelo teatro sem conseguir mais sair. E se, ainda pequena, alguém me perguntasse se eu queria seguir os passos da minha mãe (essa sempre foi uma pergunta odiada por mim), eu dizia quase que entre dentes: "NÃO!" e inventava uma série de motivos mirabolantes pra ser qualquer outra coisa...

Quanta ironia, não?


Grande beijo  ;*



"Bom é não saber o quanto a vida dura
Ou se estarei aqui na primavera futura
Posso brincar de eternidade agora
Sem culpa nenhuma."

Zélia Duncan e Mart'nália - Benditas




Ao som de: Volcano - Damien Rice.

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